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Sobre a síndrome de Sanfilippo

As mucopolissacaridoses (MPS) representam um grupo de doenças raras e hereditárias do metabolismo que torna o corpo incapaz de degradar moléculas de açúcares chamadas glicosaminoglicanos (GAGs) ou mucopolissacáridos, por ausência ou deficiência de uma enzima (tipo de proteína que atua nas reações químicas do organismo). A síndrome de Sanfilippo, também denominada MPS III, ocorre quando as enzimas necessárias para degradar a cadeia de açúcar heparan sulfato são inexistentes ou defeituosas. De acordo com a enzima deficiente, A MPS III é classificada em 4 tipos:

Tipo de MPS III Enzima deficiente
IIIA Heparan-N-sulfatase
IIIB alfa-N-acetilglucosaminidase
IIIC AcetilCoA-alfa-glucosamina acetiltransferase
IIID N-acetilglicosamina 6-sulfatase

O substrato acumulado (heparan sulfato) é armazenado dentro das células, em estruturas denominadas lisossomos. Por isso, as mucopolissacaridoses pertencem ao grupo das chamadas doenças lisossomais.

O acúmulo dos GAGs ao longo do tempo provoca dano às células, o que resulta numa progressiva deterioração do sistema nervoso central. Trata-se, portanto, de uma doença neurodegenerativa. O quadro clínico caracteriza-se por um retardo mental progressivo, associado a alterações de marcha e fala, perda visual e enrijecimento de articulações, o que resulta numa expectativa média de vida muito reduzida.

Outras manifestações clínicas podem ser observadas na síndrome de Sanfilippo: infecção frequente de vias aéreas (já nos primeiros meses de vida), coriza crônica, dentes cariados, apneia do sono, macroglossia (aumento da língua), hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço), alterações no trânsito intestinal (diarreia frequente) e convulsões.

Atualmente, para outras formas de MPS (I,II, IVA e VI) existe a possibilidade de reposição da enzima defeituosa/ausente, através da administração periódica, por via endovenosa, da enzima específica de cada um desses tipos de MPS. No entanto, nos caso da MPS III/ Síndrome de Sanfilippo, a substância acumulada (heparan sulfato) é encontrada principalmente no sistema nervoso central, o que dificulta o desenvolvimento de um tratamento clínico, pela dificuldade dos medicamentos atravessarem a barreira hematoencefálica, estrutura que atua principalmente para proteger o sistema nervoso central de substâncias químicas presentes no sangue. Felizmente, nos últimos anos, outras formas de tratamento começaram a ser estudadas: terapias com proteínas denominadas chaperonas, terapia de redução de substrato e terapia gênica (detalhadas no próximo item).